O ano de 2019 ficou marcado por tragédias ambientais terríveis, e o questionamento que este texto pretende deixar é: qual é o tempo que as lições de uma crise dura em nossa memória? Como isso nos afeta e transforma, de fato?
Se voltarmos para o final de 2014, teremos uma situação que exemplifica bem o fenômeno em questão. Quem vive no Sudeste passou a viver dias de incerteza sobre o abastecimento de água devido a uma forte queda nos níveis dos principais sistemas de abastecimento de água regionais, em destaque, no sistema cantareira.
Se você viveu nessa época, deve se recordar que rapidamente a grande mídia passou a abordar o assunto com alta frequência, e muitos de nós sentimos na pele o efeito do racionamento. Essa foi uma época importante para que lembrássemos sobre o real valor da água. Quando em abundância, em nossas torneiras, pouco noticiava-se a necessidade de se cuidar deste bem tão precioso. Já quando a crise estourou, em 2015, basicamente todas as mídias ficaram apreensivas, criando um cenário de preocupação e caos e de ações urgentes que precisávamos tomar para evitar algo ainda pior.
Porém, com o passar da crise, e o surgimento de novas notícias e outros temas, em pouquíssimo tempo foi perceptível que a cultura da abundância rapidamente retornou aos lares brasileiros, parecia que todo aquele zêlo e preocupação seria duradouro, mas não foi muito bem o que vimos acontecer passados alguns dias desde que o tema parou de ser abordado.
Depois de deixarmos para tŕas um ano tão complicado como 2019, quais são as reais mudanças que levamos das crises ambientais para até o momento em que você lê este texto? Seria possível que alguns poucos efeitos benéficos das crises ambientais, como o cuidado com a água, por exemplo, se perpetuasse em nossa cultura?
Sabemos que as florestas queimam. Sabemos que a água pode faltar. Sabemos que o petróleo pode vazar. Não espere a próxima crise para se dar conta de que só existe um Meio Ambiente, e que cuidar dele vai muito além de uma onda momentânea. Trata-se de um dever daqueles que usufruem com tanta intensidade e exploração deste Meio essencial à vida.